quinta-feira, 31 de outubro de 2019




Como eu te percebo?...
...



                                                

...Assim...



... Como a brisa quente que sopra do mar...

Se deixar levar...

Que vontade de sair voando e pousar em um lugar bem distante, isolado de  tudo e de todas as formas de vida pensante!!!
Que vontade de sair desse corpo e me ver livre!! Livre destes pensamentos que me sufocam, dessa dor fina e constante que abala ... dessa angústia que me aperta o peito e faz contrair meu estômago!!!
Que vontade de existir de outra maneira, de outra forma, sem peso! 
Que vontade de flutuar ao sabor do vento, nas correntes de ar, sem resistência, sem fazer esforço pra ir ao lado oposto...apenas ir, ser levada...sem ter que lutar contra a força , sem ter que ser grande, sem ter que ser!!
Estou muito cansada, sem forças pra bater os braços, sem vontade de lutar...querendo apenas me abandonar na canoa ou na corrente de ar... me deixar levar... sem resistir...apenas ir, como um sopro suave, sem dor, sem cor...

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Crônica de uma sexta-feira nublada

Sexta-feira, tarde cinzenta e fria resolvo sair para esticar as pernas, cansadas de ficarem encolhidas pelo frio atípico que se alojou na cidade em junho. Talvez, não fosse a melancolia que sentimos nesses dias mais frios e nos torna mais sensíveis, eu não perceberia o que vejo todos os dias.

Não pude me esquivar dos sentimentos que tomaram conta da minha nostalgia ao olhar para as areias da “princesinha do mar” e ver que estão tomadas por hastes de madeiras fincadas em toda a sua extensão, tomando conta do espaço que antes era ocupado por pessoas que se estendiam sob o sol ardente para bronzear o corpo e saborear o vento trazido pelas ondas...



Nos dias de sol estas hastes ganham redes e se tornam verdadeiras academias e clubes, onde poucos usufruem do espaço tão gentilmente cedido pela natureza e alguns ainda cobram para prestar serviços nestes recantos usurpados.

Em que pedaço de nossa existência perdemos a decência, a noção de respeito ao que é público e que o direito de usufruir o que a natureza criou é comum a todos?

Sem contar as estruturas que são montadas constantemente para shows e eventos, a areia agora é patrimônio de poucas pessoas e muitos pombos, que se regozijam na sujeira abandonada que já se entranhou nos grãos escuros...










Dar uma voltinha no famoso calçadão cantado em tantos versos pode ser decepcionante e até assustador, pois é impossível caminhar sem ser abordado pelos mais variados tipos de assédio

Desde um pedinte, que se irrita quando não é atendido até um vendedor, que negocia qualquer tipo de mercadoria que se possa ou não imaginar. O comércio ambulante é livre e se instala onde bem entende seu dono...

Decido voltar pra casa e no caminho vejo pessoas dormindo na areia, enroladas em cobertor, outras sentadas com o olhar paralisado, perdidas dentro delas mesmas ou no vazio... como saber?  

E penso se o poeta veria algum tipo de inspiração neste panorama ou se perguntaria o que foi feito com a “Copacabana, princesinha do mar”... Não sei responder, só sinto que voltei mais melancólica.